História da Cidade

Condeúba, um ponto de encontro no sertão da Bahia.

Dizer o nome doce da cidade de Condeúba, é comunicar saudades e boas recordações
de sua fundação, quando, em 30 de junho de 1745, a primeira capelinha dedicada a
Santo Antônio foi abençoada pelas mãos do padre visitador geral, João de Vasconcelos
Pereira, ligado à Freguesia de Nossa Senhora do Rio Pardo de Minas Gerais. O
padroeiro Santo Antônio, foi festejado pela primeira vez em 13 de junho de 1752,
iniciando uma tradição de fé e devoção popular, atravessando a história de várias
gerações ao longo dos anos.

A cidade de Condeúba, plantada às margens do Rio Gavião, foi batizada de Santo
Antônio da Barra, para recordar o encontro de dois rios: Gavião e Condeúba, fazendo
barra nas imediações da vila que surgia de forma discreta e tomava forma pelas
construções rudimentares e simples daquele tímido vilarejo.

Foi numa fazenda que tudo começou, em meio à simplicidade dos pobres moradores
que se dispuseram a trabalhar e dar vida ao povoado. As terras da fazenda pertenciam
a família do Sr. Capitão Valério da Costa Ramos e dona Ignácia de Sousa. Essas terras
foram recebidas pelo Capitão Valério como dote de casamento, quando o Capitão
Pedro de Carvalho lhe concedeu a mão de sua filha Ignácia. Em 12 de janeiro de 1770,
as mesmas terras foram registradas como propriedade de Santo Antônio, pois já
haviam sido compradas pelo Reverendíssimo Pe. Manuel Vaz da Costa.
Em 1765, a Irmandade de Santo Antônio se incubiu de reconstruir o templo da vila em
dimensões maiores e com um toque de beleza em sua arquitetura marcada pelo
barroco e altares entalhados na madeira de lei. As obras do edifício foram iniciadas em
1765, tendo a sua conclusão e benção no dia 10 de julho de 1783, pelo Padre Visitador
Geral, José Nunes Cabral Castelo Branco. A paróquia de Santo Antônio, surgiu por força
da Resolução no 413, de 19 de meio de 1851

O nome CONDEÚBA vem de origem indígena e recorda o Pau de Candeia, uma árvore
típica da região e que era encontrada na vegetação do lugar. A prosta de mudar o
nome da cidade foi uma iniciativa do deputado provincial, Deocleciano Piores Teixeira,
pai do grande educador Anísio Teixeira, em 1889, criando assim a resolução no 2.673
de junho de 1889, concedendo o nome de Condeúba para a vila de Santo Antônio da
Barra.

Sendo filha de Caetité, a cidade de Condeúba só ficou independente em 1860 com a
instalação da vila, porém, a oficialização da emancipação aconteceu em 14 de maio de
1861, na segunda metade do século XIX.

Na independência da cidade, o seu governo ficou a cargo de um Conselho Municipal,
instalado em 04 de maio de 1861, no Consistório da Igreja Matriz. O antigo Conselho
decidia e governava com plenos poderes sobre o município, funcionando como uma
Câmara Legislativa, pois, ainda não havia o Poder Executivo instituído para o governo
de Condeúba.

Para o bem do Poder Público, as obras de construção da Nova Casa da Câmara –
Conselho, foi iniciada na segunda metade de século XIX, por volta do ano 1853, sendo
concluídas em 1881, tendo a sua inauguração no dia 14 de maio de 1881, porém, a
transferência dos móveis do Conselho para o Paço Municipal, só foi possível pela
insistência do Padre Belarmino Silvestre Torres que, antes mesmo da inauguração, em
1879, quando as obras do Paço já se achavam em fase de acabamento.
Por força do desejo e sonho do Intendente João da Silva Torres, o prédio do Paço
Municipal foi reformulado na sua arquitetura em 1920, tendo a permissão do
Presidente do Conselho Municipal o Tenente Coronel Marcolino Cordeiro da Silva. O
Paço Municipal foi reinaugurado em 25 de janeiro de 1992, tornando-se a sede oficial
dos três poderes.

O primeiro dos dez intendente da história política de Condeúba, foi o Barão José Egídio
de Moura e Albuquerque, nomeado pelo Imperador do Brasil, Dom Pedro II, como
sendo o Barão de Santo Antônio da Barra – Condeúba, por meio de decreto imperial
editado pela cora. Com a nomeação, o Sr. José Egídio de Moura e Albuquerque deixou
a Vila de Bom Jesus dos Meiras – Brumado e se mudou com a família para Condeúba,
governando a cidade por 4 legislaturas, de 1873 a 1890. Um de seus feitos memoráveis
foi concretizado com a construção do Cemitério de 1889, tornando-se, mais tarde, o
Cemitério Municipal de Condeúba.

Passada a fase da Intendência, veio a fase dos prefeitos e o município de Condeúba
teve como o seu primeiro prefeito o Sr. Joaquim Mutti de Carvalho, tomando posse
como prefeito interventor em 1930 em anos de uma política movimentada e de embates enfáticos sobre os mais variados
temas e problemas da sociedade local, Condeúba experimentou o dinamismo e
alternância das famílias Torres e Cordeiro à frente dos comandos da municipalidade,
originando dois grupos de tradição política que realizaram grandes eventos e obras
importantíssimas para o desenvolvimento da comunidade condeubense.
Para quebrar o tabu, a primeira mulher a se destacar e encontrar espaço para governar
o município como prefeita, foi a senhora Djalma Alves de Sousa, filha do grande
Alcides Filinto de Sousa Cordeiro e esposa de Antônio Faria Terêncio, um dos maiores
políticos de toda a história da cidade.

Djalma Sousa ficou como prefeita de 1983 a 1988, inaugurando um tempo de
protagonismo feminino e deixando o caminho aberto para outras mulheres
participarem da vida pública.

No Poder Executivo, a primeira mulher a ser eleita e se tornar a presidente da Câmara,
foi a Sra. Marinalda Batista de Oliveira que, inclusive, conseguiu adquirir uma sede
própria para a Câmara Municipal, inaugurada em 18 de junho de 2004.
Condeúba das enchentes do Rio Gavião, deixando marcas dolorosas no centro
histórico da cidade, desde 1914, quando, pela primeira vez as águas tomaram a cidade
com violência e força sobrenatural. Em março de 1968, mais uma vez o gavião pregou
uma peça desagradável e voltou a castigar os condeubenses derrubando casas, levanto
mantimento e víveres, destruindo o patrimônio histórico e deixando famílias
desabrigadas e sem dignidade. As enchentes foram capítulos tristes e que o povo
gostaria de não repetir. Em 1989 o Gavião sentiu saudades de lavar a ponte e retornou
com força para mostrar a fúria e poder da natureza, registrando novamente a
passagem da enchente que, mesmo não sendo com as mesas proporções de 1968,
também causou transtornos para a população.

Não se pode esquecer a passagem da Coluna Prestes por Condeúba em 1926, quando
militantes organizados da Coluna, percorreram o interior do país para suscitar uma
revolução contra o sistema vigente e opressor daquele período. Chegando no Paço
Municipal, permaneceram por três dias e, ao saírem, deixam a seguinte frase como
legado: “ No meio de uma aglomeração desorganizada um bando decidido a tudo
penetra fundo como cunha de ferro em montão de farragem” (TAINY) – Ruy.
Condeúba do São João e das festas religiosas, da filarmônica Santa Cecília e das
serenatas. Um lugar de cultura, poesia e arte! Uma gente acolhedora, hospitaleira, um
povo ordeiro e que não se cansa de lutar e trabalhar pelo progresso e pela paz.
É impossível contar tudo sobre a história de Condeúba. Nada seria capaz de resumir o
sentimento e a magnitude de uma cidade secular e que faz parte da história da Bahia e
do Brasil. Os principais acontecimentos já foram registrados no livro “Memória
Descriptiva do Município de Condeúba” escrito por Dr. Tranquilino Leovegildo Torres,
um dos maiores de todos os condeubenses que já viveram. Foi ele o responsável pela
fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Estado da Bahia, levando o nome de
sua terra natal para a capital de Salvador e toda a Bahia.

Condeúba eterna em canções e versos! Nada derrubará o legado de muitos que
passaram pela cidade, plantando marcas profundas e que mudaram a vida de uma
comunidade inteira.

Condeúba foi e continuará sendo um ponto de encontro no sertão da Bahia.

Paulo Henrique Cordeiro Rocha